ADMINISTRAÇÃO SUSTENTÁVEL DE ELETRICIDADE EM HOSPITAIS

Opinião

Felix Aidar
Especialista em Gestão Hospitalar, com MBAs em Gestão em saúde; Gestão de projetos; Gestão de Negócios; Auditoria e compliance; Engenharia Clínica; Energias renováveis; Hospitais e indústrias da saúde

Cada vez mais a economia de recursos é demandada pelo nosso planeta. Com a energia elétrica não é diferente. Projetos sustentáveis desde o início das obras são fundamentais para o mundo de hoje em diante. Nossa realidade climática, de forma inteligente também economicamente, exige que a consciência ambiental esteja presente em todos os momentos de um prédio, desde o seu nascedouro.

Em estudo por mim apresentado, analiso hospital de São Paulo projetado com base em modelo sustentável de consumo e produção de serviços de saúde. Já na fase dos projetos, entre 2007 e 2009, iniciativas voltadas à gestão da energia do complexo foram implementadas, e medidores de consumo de eletricidade em tempo real foram instalados. 

A demanda do hospital é de 400 XW e o consumo médio energético mensal, de 150.006 kWh. A capacidade de refrigeração é de aproximadamente 250 TR (tonelada refrigeração), enquanto a central de ar comprimido medicinal e a central de vácuo cinco têm potências de, respectivamente, 30 Cv e 10 CV. Ainda há suprimento de energia elétrica de emergência composto por dois geradores, totalizando mil kVA de potência aparente. 

Os resultados sobre o modelo luminotécnico adotado e a energia utilizada para iluminação da área externa são apurados desde 2012. Foram substituídos diversos itens do projeto luminotécnico inicial desse espaço, com o objetivo de diminuir o consumo de energia elétrica. Em termos gerais, aprimoramos os equipamentos, dispensamos as lâmpadas halógenas, adotamos o LED, reduzimos o consumo e priorizamos a eficiência.

Em termos econômicos, todo esse projeto foi bem-sucedido. Em 28 meses de duração, a redução da potência instalada foi da ordem de 85% em relação ao projeto anterior, embora tenha sido necessário realizar um investimento que equivale, atualmente, a 1,7 vezes o investimento original. 

A economia alcançada foi calculada em 7 vezes o valor do investimento, algo em torno de R$ 2,06 mil ao mês e R$ 57 mil no período de dois anos e quatro meses, levando-se em conta as condições de contratações junto à concessionária de energia elétrica.

O projeto resultou em diversas mudanças positivas. A identificação da queima de lâmpadas e redução das atividades de manutenção corretiva é mais rápida e prática, uma vez que o reator não precisa mais ser testado quando da troca de lâmpadas. Esta, quando ocorre, é mais rápida, pois não é mais necessário esperar que o conjunto lâmpada, soquete e refletor resfrie. Como os dois tipos de reatores utilizados anteriormente não são mais necessários, o volume e a variedade de materiais no estoque diminuíram.

O número de fotocélulas necessárias para ligar e desligar sistemas de alimentação também reduziu, já que a potência total das instalações também diminuiu. As fotocélulas restantes foram devolvidas para o estoque e poderão ser utilizadas no futuro.

A frequência da queima de lâmpadas também diminuiu. Durante um ano, somente uma das lâmpadas fluorescentes foi trocada. No caso das lâmpadas LED do jardim, os refletores são de tamanho menor e estão integrados, o que resulta em mais segurança, tanto pelo baixo aquecimento gerado, quanto pela maior robustez do vidro de proteção do refletor. Por fim, a equipe do Departamento de Engenharia ganhou produtividade. 

O planejamento, estudo, a execução e incorporação do projeto culminaram na redução do consumo de energia elétrica, o que traz ganhos para todo o ecossistema. Além disso, a melhoria e eficiência de processos também se concretizou. Em julho de 2013, a equipe do Departamento de Engenharia do hospital apresentou as ações realizadas para reduzir o consumo de energia elétrica e do consumo de água, em um seminário promovido por uma federação ligada a um plano de saúde. Vale citar que o Departamento de Engenharia do referido plano ainda mantém a prática dos princípios da Administração de Tecnologia em Saúde, de acordo com objetivos voltados à sustentabilidade.

O hospital conta com 76 leitos de internação; 4 salas cirúrgicas; 10 leitos de UTI geral; 16 feitos de UCO e um Centro de Diagnóstico Integrado com Tomógrafo de 16 canais, Ressonância Nuclear Magnética, Mamógrafo Digital com Tornossíntese, Raios-X, dois arcos cirúrgicos; Densitometria Óssea; e Ultrassom.

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